A sigla em inglês de MVP nada mais é do que construir a versão mais simples e enxuta de um produto, empregando o mínimo possível de recursos, para entregar a principal proposta de valor da ideia. Assim, é possível validar o produto antes de seu lançamento.
A ideia é simples: validar o potencial de uma ideia antes de investir muito dinheiro nela. Porém, a execução desse conceito talvez seja o principal desafio para os criadores de produtos e serviços.
O produto é levado a um grupo de clientes selecionado para experimentações e realizar testes práticos, porém, conscientes de que ainda não é o produto final.
É possível colocar em prática — em versão de teste — o projeto ou produto com pouco investimento financeiro e tempo. Isso mantendo a função principal: de solucionar algo e entregar valor ao cliente. E hoje é um modelo muito utilizado pelas startups, justamente porque elas têm faturamento instável, mercado volátil e alto nível de concorrência.
As startups utilizam bastante o conceito de MVP, uma vez que elas têm pouco investimento e uma ideia central de novidade no mercado. Os responsáveis precisam ser rápidos no desenvolvimento e implantação do projeto, de modo efetivo, captando recursos e alocando-os nos pontos certos.
Muitas startups cometem o erro de ignorar as análises de mercado após automatizar o MVP, como se ele tivesse alcançado um padrão ideal de aceitação pela clientela. É crucial que o MVP continue sendo validado para o desenvolvimento de novas funcionalidades.
Segundo um artigo publicado na Harvard Business Review, 75% das startups fracassam no lançamento de seus produtos e serviços ao adotarem o modelo tradicional de desenvolvimento de produtos sem usar o MVP.
Sem a estratégia MVP, muitos empreendedores ainda gastam fortunas e anos desenvolvendo um produto para que, após muito tempo dedicado no desenvolvimento, descubram que não é de interesse do público; ou que, ainda precisa muito investimento para ficar de fato adequado.
Se parar para pensar, há vários produtos lançados por grandes marcas que demandaram no passado um alto investimento, mas não tiveram o sucesso esperado. Um exemplo, foram os produtos alimentícios da marca Colgate, bastante conhecida entre os cremes dentais. A marca investiu na criação de alimentos, como lasanhas congeladas, para diversificar seu mix de produtos, mas os resultados não foram nada atraentes.
O próprio Facebook, hoje, a maior das redes sociais, já foi um MVP. A plataforma foi testada por Mark Zuckerberg com seus colegas da Universidade de Harvard. E nesse caso, deu certo.
A origem do MVP vai ao encontro do conceito Lean, amplamente utilizado por gigantes dos negócios como a Apple e o Facebook em suas escaladas de crescimento.
A ideia central consiste em otimizar o uso dos recursos de forma a garantir a maximização do retorno. O MVP se encaixa nesse contexto como método para validar o retorno de determinado investimento, mesmo antes de o produto estar completamente finalizado.
A tática consiste basicamente em usar criatividade e raciocínio para criar uma versão simplificada do que você pretende comercializar. Dessa forma, pode testar a receptividade do seu produto no mercado. A partir do feedback recebido, você deve desenvolver as suas hipóteses sobre como a sua ideia irá atender determinada demanda.
Todo modelo de negócio começa com a hipótese de que determinada proposta de valor atrai a atenção do mercado e vai gerar receita a ponto de obter lucro. Em outras palavras, a proposta de valor é o principal output do seu produto ou serviço para o usuário.
Após desenvolver um MVP que contemple a proposta de valor, é hora de entender o interesse do mercado no produto a ponto de justificar o investimento.
Existem muitas formas de validar a ideia. Uma delas é fazer um teste alpha, que consiste em lançar o produto ou serviço para um público controlado. Já no teste beta, divulga-se o MVP para o público geral.
Após o teste do Produto Viável Mínimo, é chegada a hora de interpretar os feedbacks recebidos. Nem tudo o que o usuário diz faz real sentido para o seu modelo de negócio, mas ainda assim o mercado é a melhor forma de testar o seu modelo de negócio.
Antes de realizar o investimento, avalie se a sua hipótese precisa de mais testes. Então, priorize o que realmente faz sentido para a construção de valor da sua proposta.
Caso sua percepção seja positiva, avance na direção do produto final. Caso contrário, use seus aprendizados para formular uma nova hipótese e alinhar a sua proposta de valor com as aspirações do mercado.
Outro ponto importante é o tempo de teste que o produto ou serviço terá. Destinar um tempo curto demais pode não gerar as respostas suficientes, assim como estender demais pode prejudicar o lançamento no mercado.
Na fase alpha, você testa o seu MVP com um público menor e controlado. Você escolhe as pessoas que participarão do teste. Já na fase beta, os usuários do produto ou serviço são mais gerais e simulam o público-alvo normal.
Nas fases alpha e beta, o público não pode ser grande demais, do contrário, podem surgir diversos problemas. Inclusive, é importante manter aquilo como um certo segredo para que outra empresa não colha as informações e desenvolva antes de você.
Esse período deve ser usado para avaliar o feedback do público, encontrar as alterações necessárias e deixar o seu produto pronto.
Muitas pessoas criam produtos ou serviços para si, sem pensar no que realmente o público necessita e deseja. Lembre-se de que as características do público-alvo devem ser contempladas na criação da solução e é isso que você vai testar no MVP.
Esse passo é fundamental, pois entender a dor do cliente vai ajudar a elaborar estratégias para o produto atender totalmente as necessidades e expectativas. Dessa forma, propor uma solução ideal vai ficar muito mais fácil.
Uber: é uma empresa que faz muito sucesso, mas no começo foi preciso testar sua ideia de negócio e sua plataforma. O aplicativo para celulares começou a ser testado apenas em algumas localidades, e carros de luxo realizavam as corridas.
Até hoje, a empresa não abandonou o conceito de MVP e continua com um modelo de validação ativo, o Uber COPTER, serviço que prestará transporte via helicópteros.
Dropbox: a princípio, a função do MVP era validar o quão atrativa era a ideia para os clientes, e se o modo de funcionamento era bem aceito. O próprio fundador do Dropbox fez um vídeo apresentando o serviço para uma comunidade do segmento.
Links pesquisados: