Estamos na era da Indústria 4.0 – É como tem sido chamada esta nova era, desde 2013, após a prestigiada Feira de Hannover Messe, principal feira do mundo para a tecnologia industrial, que ocorre anualmente, na Alemanha.
Ela ficou conhecida não só por ter criado este nome, mas também porque por lá passam experts de tecnologia do mundo inteiro durante a feira. Os especialistas de diversos setores adotaram esta como uma “nova ordem mundial” para a competitividade dos negócios, tendo como fundamento principal o uso de novas tecnologias, métodos e sistemas.
Com base neste conceito, a logística 4.0 surgiu pouco tempo depois como diferencial competitivo, para melhorar processos e, principalmente, se destacar no mercado.
A indústria 4.0, também chamada de Quarta Revolução Industrial, engloba um amplo sistema de tecnologias avançadas como inteligência artificial, robótica, internet das coisas e computação em nuvem, que estão mudando as formas de produção e os modelos de negócios, no Brasil e no mundo.
A logística 4.0 é entendida como uma reestruturação de processos e atividades da cadeia de suprimentos, tendo em vista a transformação digital do setor. Ou seja, com o avanço tecnológico e o surgimento de sistemas inteligentes, as empresas viram a necessidade de investir em tecnologias capazes de melhorar os seus processos de gestão e, consequentemente, ser mais eficientes e competitivas.
Pesquisas, realizadas por diversas consultorias, têm estimado os impactos que o avanço da digitalização da economia poderá ter sobre a competitividade do Brasil. A Accenture, por exemplo, estima que a implementação das tecnologias ligadas à Internet das Coisas deverá impactar o PIB brasileiro em aproximadamente US$ 39 bilhões, até 2030.
O ganho pode alcançar US$ 210 bilhões, caso o país crie condições para acelerar a absorção das tecnologias relacionadas, o que depende de melhorias no ambiente de negócios, na infraestrutura, programas de difusão tecnológica e aperfeiçoamento regulatório.
McKinsey estima que, até 2025, os processos relacionados à Indústria 4.0 poderão reduzir custos de manutenção de equipamentos entre 10% e 40%, reduzir o consumo de energia entre 10% e 20% e aumentar a eficiência do trabalho entre 10% e 25%.
Diferentemente do que se imagina, essa busca por uma cadeia digital interconectada não se originou no desejo das empresas de inovarem, mas sim como uma reação às mudanças de consumo da sociedade. Sendo assim, a logística 4.0 é muito mais que um novo conceito, é uma necessidade que as empresas têm em sobreviver no mercado daqui para frente.
A incorporação da Robótica Avançada, dos Sistemas de Conexão Máquina-Máquina, da Internet das Coisas e dos Sensores e Atuadores utilizados nesses equipamentos possibilita que máquinas “conversem” ao longo das operações industriais.
Isso pode permitir a geração de informações e a conexão das diversas etapas da cadeia de valor, do desenvolvimento de novos produtos, projetos, produção, até o pós-venda.
A IoT, ou Internet das Coisas, já é uma realidade no setor logístico. Hoje, há mais máquinas e ferramentas online que pessoas conectadas aos seus celulares. Em um armazém, por exemplo, os coletores RFID e leitores de códigos de barras são provas de como a gestão de estoque pode ser otimizada, apenas pela conectividade de dados e informações com o WMS.
A solução hoje envolve Big Data. Na logística, basta imaginar um pedido em um e-commerce a partir de um simples clique. Basta ver o que a Amazon vem fazendo em busca de soluções efetivas e rápidas para suas entregas.
Chegou a testar entregas com drones ultra modernos, além de estudar um método inovador de preparação de pedidos, que consiste em realizar o picking e o carregamento antes mesmo de receber o pagamento do cliente. Tudo isso é possível a partir do cruzamento de dados e do histórico de compras das pessoas.
A primeira revolução industrial trouxe a máquina a vapor, manufatura e, consequentemente, o começo da industrialização. Já na segunda revolução industrial, houve uma industrialização mais concreta, com indústria química, elétrica, de petróleo e do aço, além de progressos na comunicação e meios de transporte.
As maiores mudanças começaram mesmo após a 3ª Revolução Industrial, com o advento da Internet, em meados do século XX. Foi nessa época que começaram a surgir as primeiras ideias sobre robótica, e a ciência passou a possibilitar inovações cada vez mais rápidas e revolucionárias.
Neste período, foram desenvolvidos sistemas capazes de gerenciar as atividades logísticas, automatizando etapas de compras e o gerenciamento de materiais e recursos. Além, é claro, de entrar no universo dos e-commerces, que alterou consideravelmente as etapas de distribuição e controle de estoque.
Diante de consumidores cada vez mais conectados, tornou-se necessário desenvolver formas de otimizar sua experiência de compra. A solução agora é investir em tecnologias emergentes, a fim de otimizar processos e melhorar a qualidade do atendimento, o que gerou uma verdadeira transformação digital nas empresas.
Com isso, de fato, se deu início à 4ª Revolução Industrial, a era da informação e dos dados super conectados pelas novas tecnologias, que tem ocasionado transformações dos mais diversos setores da indústria, dentre eles, o que deu origem à logística 4.0.
Entre as atividades mais importantes dentro da logística 4.0, está a roteirização, que é fundamental para definir os melhores percursos, aumentando a produtividade e reduzindo custos.
Com o auxílio da inteligência de dados é possível utilizar um algoritmo baseado em machine learning para analisar fatores como: histórico de trânsito, restrições da operação e condições das vias, encontrando o percurso mais seguro e eficiente.
Adidas
A Adidas, umas das marcas globais de moda esportiva, otimizou sua complexa cadeia de suprimentos por meio da automatização de processos no novo edifício sede da empresa nomeado como Halftime em Herzogenaurach, na Alemanha.
O objetivo desta solução foi reduzir os excessos e desperdícios na cadeia produtiva e custos de armazenamento e envio, além de viabilizar personalização massiva de produtos, situação que seria muito complexa e custosa sem processos digitais, automatizações e automações.
Ambev
A eficiência do aplicativo Zé Delivery da Ambev (que entrega cerveja gelada a preço de supermercados em até 60 minutos) e o quanto a sua implementação antes da pandemia foi uma decisão muito favorável para a empresa, visto que no segundo trimestre de 2020, o serviço via aplicativo registrou 5,5 milhões de pedidos, sendo 3,6 vezes mais que o total de pedidos efetuados no ano de 2019 inteiro. Essa foi uma solução de logística 4.0 voltada para entregas last mile que virou um serviço de destaque para as vendas da empresa.
iFood
Em janeiro de 2020 muitos veículos de informação anunciaram que a iFood, foodtech líder do mercado, adquiriu a startup Hekima de inteligência artificial com o intuito de tornar a empresa líder em inteligência artificial na América Latina de forma que seja possível, cada vez mais, entender os seus clientes no que tange a suas características e preferências.
Nos últimos meses de pandemia, o número de pedidos feitos em sua plataforma de delivery aumentaram expressivamente, chegando a 39 milhões de pedidos mensais, o que representa 32% acima do que no mesmo período do ano anterior.
Os já conhecidos picos de atendimentos ocasionados por conta de horários de refeições são também aprimorados com o uso de inteligência artificial, machine learning, logística 4.0 e de big data para simular cenários futuros, por exemplo, também causados pelas condições climáticas, proporcionando uma alocação maior de entregadores em operação nesses tipos de eventos.
Mercado Livre
Outra frente que foi antecipada foi a atuação no e-grocery em abril onde o Mercado Livre passou a vender produtos de supermercados na sua plataforma, sendo agora concorrente nesse segmento da Magalu e B2W e também GPA e Carrefour.
Conforme a NoVarejo informa, as vendas na plataforma já tinham crescido 55% e aumentado o número de novos clientes em aproximadamente 5 milhões e que os investimentos no Brasil estavam focados principalmente nas operações de logística. Na pandemia, a empresa notou que 20% dos novos compradores fizeram sua primeira compra nas categorias de bens de consumo e alimentos, sendo assim, o projeto de e-grocery que já estava previsto para 2020 teve que ser antecipado.
Esse crescimento nas vendas da empresa gerou investimento em solução para as entregas, incluindo a aquisição de veículos e smart lockers.
Natura&Co
Como várias empresas no Brasil, a Natura&Co também teve que acelerar áreas ainda não totalmente digitalizadas dentro da empresa devido à pandemia. Com cerca de 1,8 milhão de consultoras no Brasil e América Latina, lançou o Social Selling, que estava com 90% das consultoras cadastradas e utilizada por 40% delas. Por meio da rede social WhatsApp, 82% das consultoras conseguem estreitar o relacionamento com seus clientes e 21% realizam vendas.
Links pesquisados